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segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Perene poeta



Andei triste por me escapar de mim mesmo.
Fingi espectros de beleza rara, a esmo.
Formei das tripas corda de pular.
Pulei as dores da negação, de par em par.
Mostrei ao mundo uma sílaba que não rimava.
Entortei linhas e lembranças vagas.
Calado estive e os sons eu não ouvi.
Gritando quieto, olhos de censura senti.

Desisti. Desisti. Desisti. Desisti.
O certo é correto na autovisão de si.

Nem só o que é belo merece um poema.
Versos não botam sorrisos nos rostos, apenas.
Estrofes condensam sentimentos presentes,
Esperam em paz pelo escrever eminente.
Beleza da métrica? O brilho da rima?
Talvez. Certa, porém, é a incerteza mínima,
Fazendo o resíduo das letras rutilar
À luz ressonante sinestésica capilar.

- Esférica opinião de quem anda em círculos
Atrás de respostas em antigos versículos -

Mantive o conceito previamente cabido,
Enquanto o sereno do tempo fugido
Alçava um voo errante no espaço
- Vácuo da carne, ausente aos nacos –
Um lírico corpo repousa em repente
Nas curvas agudas da torpe serpente.
Pureza é pútrida e a fé sem sentido.
Pinçar devaneios a rodo é ofício.

Perfeita é a fase onírica da vida,
Nela o poeta nasce e perene se firma.

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