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quarta-feira, 18 de julho de 2012

Que saudade que tenho dos meus nove anos...

Brincar numa noite fria com seu sobrinho de nove anos de idade é uma das melhores coisas que existe. Acalma e faz lembrar da infância que, de repente, passou. Tudo passa meio de repente. Mesmo quando lembramos que antigamente o tempo parecia
demorar a passar. Como depende do local do espaço-tempo em que nosso ponto de vista está inserido, então, acho prático declarar que o tempo é estático: somos nós que passamos tão velozmente por ele.

Não gostaria que fosse assim, mas não adianta chorar pelo que reside apenas em nossas ternas lembranças. Cresci, esperei pelo que sempre me disseram que viria na vida adulta: responsabilidade, obrigações, estresse, cansaço, família própria, 'constituída pela minha escolha' etc. Encontrei todos esses, menos o último. A cada dia que termina, penso porque ainda me sinto tão inseguro sobre as coisas que fiz bem (segundo os outros) e ainda mais inseguro sobre o que nunca consegui fazer: encontrar alguém que tire o peso da minha frustração completa sem se sobrecarregar. Não consigo nem por a culpa em alguém. Tudo parece ser culpa minha, até esse frio dos infernos, ao avesso, que assola o sul.

Sentir-se tão despreperado para toda uma vida (e isso me deixa inquieto e nervoso de forma crescente e pujante) me faz voltar pelo tempo. Para aquela época em que insisto que se perpetue, em segundo plano, minha eterna vontade de deixar de ter vontades. E olha que minhas vontades ultimamente se resumem apenas a um único desejo: encontrar uma mulher que não me ignore já num simples 'bom dia' ou 'olá'. É, as mulheres estão cada vez mais exigentes. Ou se é perfeito ou sem chance. Ou 'aparenta-se' ser perfeito ou sem chance. É a vitória, parcialmente completa, do fenótipo diante do seu mestre predecessor, o genótipo. Realmente, o gênero feminino está se tornando cada vez mais perfeito (pelo menos na cabecinha arrogante e ridícula dele) e solitário...

Brincar, rir e se jogar num sofá produz resultados imutáveis nos espíritos e semblantes de todos os envolvido: paz e sorrisos. Pena que o esqueleto, mais frágil e rígido que outrora, já não ajude nas brincadeiras corpo a corpo. No final, alguém de nove anos sempre vence. Ele não têm tantas vontades assim. Pode até ter, mas um achocolatado com pipoca é fácil de se conseguir.

2 comentários:

  1. Caramba! Que sensibilidade! Quando se é criança, quando não conhecemos ainda o muito complicado, qualquer um real e uma paçoca é um reino!
    Um abraço

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  2. Maravilha de crônica! No meio de todas essas questões, uma certeza, nada melhor que não ter vontades, mas como?
    Bj grande

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