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terça-feira, 13 de agosto de 2013

Elogiar é uma arte e não é preciso


Palavras certas, horas erradas. Palavras erradas, horas certas. Palavras erradas, horas erradas. Silêncio sempre. Quatro opções que existem. Os otimistas acreditam que exista a alternativa “Palavras certas, horas certas”. Desconheço.
Nunca funcionou comigo (mais uma das coisas que não dão certo na minha vida. Se você ler textos anteriores, verá que são inúmeros os infortúnios).

Um elogio, sendo sincero, é a melhor coisa a dizer. Melhor que uma piada, uma novidade ou a melhor das fofocas. Comigo, acho que as mulheres preterem o elogio e ficam com alguma das alternativas. É inacreditável como não agrado tentando ser gentil. Façanha inexplicável. Será que pensam que palavras bonitas e afáveis estarão sempre carregadas de segundas intenções? Não me é permitido agradar, comentando algo que tenha me chamado a atenção, realmente, na personalidade alheia? Escrevo algo sincero, sem resposta. Digo algo cortês, olhar se desvia e as feições do rosto se fecham mais rápido e profundamente que os céus aqui de Curitiba. Só penso em elogiar e pronto, o universo, e a alma feminina, conspiram contra mim. Exagero? Não creio.

Se for uma arte louvar qualidades, comentário, condições, pensamentos e comportamento, o artista em mim é de uma mediocridade absurda. Ruim é ouvir das mesmas que ouvem o elogio e o deploram amargamente que, a despeito de disso, sou um homem que sabe se comunicar. Não faz sentido para mim essa situação. Esforço-me para não transformar elogios em galanteios baratos (o que se torna comum em alguns momentos de leve alteração, positiva, do nível alcoólico, exigindo, assim, um gasto de energia, e bom senso, acima da média de minha parte). Buscando o ambiente e o timming perfeito, faço uma análise prévia das palavras e do tom da voz, ou da situação da conversa, e lasco o elogio. E o resultado? Olhares desanimadores e/ou um silêncio desconcertante, ou a indiferença e a falta de resposta ou comentário de umas simples palavras amigáveis. Ok, podem parecer, ás vezes, mais que amigáveis. Porém, nunca me escangalhei com rudes abusos. Mesmo assim, só há bola fora.

E de tanto errar o alvo, ou disparar mais munições que o necessário, aniquilando o alvo e impossibilitando futuras tentativas de acertar, diretamente, na mosca-coração, decido que não será mais minha meta elogiar nenhuma mulher, por ora. De dúbio, bastam minhas palavras e pensamentos.

4 comentários:

  1. Rob

    "Muito elogio é como botar água demais na flor. Ela apodrece.” —(Clarice Lispector).

    :)

    Beijos

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    1. Oi Michele

      Saber quantos mls de elogio por dose devem ministrados é uma arte mesmo. Acho mesmo que estou matando a flor com tantos cuidados :)

      Beijo

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  2. Elogio, quando merecido, é mais do que válido.
    Bajulações são repugnantes.
    Abraço.
    Jorge

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  3. Voltando para agradecer o comentário em "Farsantes", Novak.
    Abraço.
    Jorge

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