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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A coragem de viver

Sinto um medo descabido
Desde quando era menino.
Sinto a febre que não passa
Desde quando furtei vasta
Quantidade de
matéria,
Inorgânica e não plástica
Do meu sonho de criança
Que morreu em grande ânsia,
Do meu sonho de adulto
Que morreu, o dessepulto.

E o furto que me fiz,
Da matéria do meu sonho,
Logo teve seu verniz
Desbotado, eu suponho.

Sinto hoje que não há
Redenção total, quiçá,
Uma forma de volver
De poder voltar a ter
Meu desejo em plena forma,
O meu sonho a florescer.
E na trama que desfaz
Deito o corpo de rapaz,
Deito a alma de homem oco
E as cãs de um velho bronco.

Sinto um medo descabido
De morrer no vão sem tido
...

// Enquanto não publico outra prosa, resolvi terminar esse poema que há meses estava "quarando" (como bem poetizado pela Flavia Doria em http://flaviadoria.blogspot.com/2010/08/invento.html :)

12 comentários:

  1. Rob,

    Quarou o tempo certinho de ipregná-lo de sol.
    Lindo o poema.
    Esse vão do se(N)m-tido é o medo de todos nós, por isso penso que: Ainda que não tenhamos tempo pra todos os se(N)m-tidos, ao menos se deve tentar.

    Bjs e boa sexta

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  2. Se me permite dizer sobre o poema, Rob, como se estivesse falando à autora: Pois tenha. “Sonhar é um ato fisiológico que está muito além de aquém” (@Jefhcardoso74)
    Amigo, muito obrigado por sua atenção e ótimo comentário em meu blog. Abraço!

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  3. Melhor maneira de começar o mês, com poesia.
    Seu poema tá com cheiro de roupa quarada, quentinha, tipo pãozinho saindo do forno.

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  4. Dizem que quem escreve um poema engrandece o coração, mas acima de tudo, liberta a alma de quem os lê.
    Desejo muito sucesso em sua vida!!!
    Beijos primo*

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  5. Gostei e muito!
    Abração e vote consciente!

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  6. Gostei muito! Me fez lembrar Fernando Pessoa...
    Gosto de poemas que nos tiram a falam.
    Eu gostei e nem sei o que dizer.

    Bjos
    Bom fim de semana

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  7. Quem vive de verdade certamente sentirá, entre tantas provas, o sabor do medo. Nós oscilamos, não com a previsibilidade das marés, mas com a força dos sentimentos...
    Viver é um mal crônico, mas não é, como dizem, só para os corajosos, é um risco ao qual todos estamos expostos, sem escolha. É preciso e precioso, mesmo com todos os sonhos, dores e incertezas quanto ao futuro.
    Fez muito bem em continuar o poema, também sou de acumular textos "quarando", vez ou outra é preciso se arriscar pelo mundo da poesia, é algo que sempre vale.

    Abraços :)

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  8. Belo texto!
    Aproveito para agradecer a visita e o comentário.
    Obrigado.

    Abraço

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  9. Belíssimo! Parabéns poeta, pelo seu dia!
    Abs

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  10. Ah se você nunca leu Fernando Pessoa, eu recomendo "Só o ter" e "O guardador de rebanhos IX".

    Bjos

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  11. Acho que a minha evolução ,depende da minha maturidade.Meus versos se aprimoraram,sem ao menos eu notar,o tempo vai me moldar.
    Tenho certeza que com o passar dos anos,escreverei tão linda mente como tu.
    E SC ahhhhhhhhhhhhhh o meu coração é do Sul.Fui pra SC esse ano e por quase pouco,muito pouco,não construí uma casa na areia e não fiquei por lá.
    Continue me dando seus palpites,são muito úteis pra mim,acredite.
    Abraço :}

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